domingo, 5 de agosto de 2012

De mulher, Maria

Tenho observado no processo da pesquisa de que forma as mulheres se comportam em situações urbanas cotidianas, quais situações aparecem socialmente aceitas com olhar atento aos gestos, ao corpo da mulher e como esse corpo se relaciona no ambiente da cidade.
Formar um corpo em uma diversidade de corpos que se relacionam de diferentes maneiras não é uma tarefa fácil, mas percebo que certas questões resistem ao tempo e permanecem na atualidade sendo particulares do universo feminino que  traduzem e definem uma identidade á figura feminina.
Os movimentos marcados ritmados pelo som do salto e quebra do quadril, mãos que acariciam os cabelos das encabuladas e desbravam os rostos, passos e jogos de pernas que demarcam território, olhares que comunicam ou intimidam, corpos encolhidos pelos olhares de outros, vestimentas que moldam, realçam, escondem e marcam as diferenças, enfim, atitudes que possibilitam muitas leituras, mas meu foco não é identificar pois seria impossível categorizar, mas fazer percebido o excesso desse comportamento criando novas possibilidades de significações e alterando percepções de quem os observa.
Dançar no espaço urbano é se conectar com o ao vivo, um contato direto com o que acontece interferindo na natureza dos locais e nas relações que se estabelecem. Maria quer provocar o olhar do que existe nas ruas como comportamento feminino, dar vazão a reflexão da mulher pela mulher fazendo um zoom nas atitudes da mulher  pelo movimento. De gesto em gesto, comportamento e corpo Maria fala. Vamos ouvir Maria.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Às maçãs




Afrodite de Catulo...

"ut missum sponsi furtivo munere malum
procurrit casto Virginis e Grêmio,
quod miserae oblitae Molli sub veste locatum,
dum adventu Matris prosilit, excutitur;
atque illud prono praeceps Agitur decursu
huic Manata tristi rubor minério conscius."
"Como a maça furtivo presente do amante
que cai do casto colo da menina esquecida,
coitada, do fruto escondido
entre as dobras do manto
ver a mãe, ela salta e no chão foge o fruto,
em sua face infeliz um rubor"

Como uma Maçã - 
Presente faça furtivo amante
 - 
 Que cai do colo casto da menina esquecida,coitada, não Fruto escondido empreendedorismo como dobras do manto:VEM uma Mãe, ELA salta e não do Chão Foge o Fruto,in rosto SUA Infeliz hum rubor




terça-feira, 10 de julho de 2012

Pesquisando pelas ruas de Sampa



Relato de Pesquisa

Julho de 2012
Anelise Mayumi Soares

            Fui em busca de realizar a pesquisa com mulheres da cidade de São Paulo. O intuito primeiro era o de observar como as mulheres reagiam às intervenções masculinas como cantadas, olhares e assovios quando elas passam. Escolhi a Av. Paulista próximo ao Shopping Center 3 como ponto de investigação, no horário de almoço de um dia da semana. Observei durante cerca de 30 min e me surpreendi ao perceber que as pessoas ali mal se olhavam. Durante todo esse tempo diversas mulheres bem arrumadas, bonitas e atraentes passaram por diversos homens e não constatei nenhuma investida dos homens sobre as mulheres. Fiquei muito surpresa e tentei entender o porquê, resolvi servir de “isca”, e caminhei pelas calçadas passando por entre os homens, atrai alguns olhares, mas nenhuma cantada. Pensei que talvez a Paulista seja um lugar em que atingimos o ponto de respeito ideal, ou simplesmente que na correria do dia a dia as pessoas não se olham. Mas questionei também a minha expectativa no projeto Maria Sem Vergonha, em que afirmava a quantidade de investida que levam as mulheres, e pensei que talvez não fosse tanto assim...
            Eu estava acompanhada pelo meu companheiro e pedi a ele para que cantasse, assoviasse, chamasse a atenção de algumas mulheres na entrada do metro para que eu pudesse constatar as reações corporais que elas tinham. Fizemos isso com umas cinco mulheres e a reação foi unanime: o ignorar. Todas as mulheres ignoraram, todas abaixaram o olhar e uma passou a mão no cabelo.
            Pegamos o metrô e fomos ao centro da cidade. A caminho da linha verde para a amarela tive curiosidade de saber o que os homens fariam caso eu os olhasse. Afastei-me um pouco do meu companheiro e nas esteiras rolantes passei a olhar fixamente para alguns homens com os quais cruzasse o olhar. A primeira reação deles é também me olhar nos olhos, em seguida desviavam o olhar e depois, já mais distantes, olhavam para trás, talvez para conferir se eu ainda continuava olhando. Nenhum deles baixou o olhar, ignorou, ou passou a mão nos cabelos. Dois deram um sorrizinho. Caminhei ainda dentro da estação, com a cabeça erguida e olhando todos os homens que passavam, ainda que não me olhassem, meu companheiro que estava mais atrás constatou que todos os homens que passaram por mim me olharam depois de passar. Paramos em um canto e observamos que nenhuma mulher passou por nós com a cabeça erguida e olhando, com o olhar aberto. Todas sempre muito fechadas. Meu companheiro tentou olha-las, mas não houve nenhuma troca de olhar apesar das várias tentativas (...)
            Fomos até a praça do Patriarca e lá também constatamos que não havia cantadas, apenas olhares. Resolvi servir de “isca” novamente e quando caminhei cortando uma via, quase esbarrei com um homem ao passar por ele, mas quando passei virei para olhá-lo, olhei nos olhos, e passei. Meu companheiro que observava de longe me contou depois que ele coçou, ajeitou seus órgãos genitais quando passou por mim. Isso me deixou bastante enojada.
            Numa via de bastante movimento de pedestres resolvi ficar parada no meio. Sem nada fazer. Muitos homens passaram me olhando, um grupo de 4 rapazes que vinham pelas minhas costas brincaram que iam me tocar, mas não tocaram. Essa experiência de ficar parada foi incrível, porque é ir no contrafluxo da cidade em pleno fervor. É uma experiência cinematográfica. Mudei de lugar e fiquei parada de costas para a loja Marisa, para observar melhor o movimento, meu companheiro me avisou que havia um homem atrás de mim. Como estava de frente para um prédio de vidro, pude ver que o homem estava exatamente atrás de mim. Esperei um pouco e virei bruscamente para olhar em seus olhos, de imediato ele se surpreendeu, me olhou e desviou o olhar. Fiquei parada ainda lá olhando diretamente pra ele por algum tempo, ele desviou o olhar, fingiu que eu não estava lá. Eu sai andando e fui para outra rua. Achei a atitude dele muito suspeita, ele estava parado, encostado na porta atrás de mim, exatamente atrás.
            Nesta outra via, pedi novamente para que o meu companheiro intervisse junto às mulheres para eu observar suas reações. Fizemos isso com mais 3 mulheres: uma deu um sorriso discreto, todas passaram a mão no cabelo, duas ignoraram, mas todas desviaram o caminho.
            Nesse momento estava acontecendo na praça um comício da campanha do PT para o candidato Haddad, e percebi muitas meninas, mulheres carregando e balançando bandeiras gigantes do partido. Cheguei mais perto para observar e fiquei espantada com o que via. Um trio elétrico, de porte pequeno, carregado de meninas entre 18 e 20 anos todas de shortinhos jeans, pequenos e apertados, com camisetas e bandeiras do partido. Aquilo era um acontecimento, eu nunca havia visto algo assim, mulheres sendo corporalmente expostas para a campanha de um candidato político. Fiquei chocada. Elas dançavam ao som de um Rap do partido, eram fotografadas, eram pequenas celebridades. Percebi atrás de mim um grupo de meninas que cantavam e dançavam funk balançando as bandeiras. Percebi que muitos homens passavam por elas, olhavam e mexiam. Percebi que elas não ligavam e continuavam dançando e cantando. Resolvi entrevistá-las.
Eram cerca de 5 meninas, entre 14 e 18 anos, uma delas grávida.
- Meninas, o que vocês acham de serem cantadas pelos homens que estão passando?
A: Eu gosto.
B: Eu acho que a gente está arrasando!
- E o que vocês têm vontade de fazer quando eles cantam vocês?
Várias: Dá vontade de dançar mais, cantar mais!
- Por que vocês acham que eles fazem isso?
C: Ah, porque homem é tudo safado mesmo.

            Nesse momento elas foram chamadas pelo organizador e encerrei a entrevista agradecendo. Permaneci por perto e percebi que algumas das meninas ficaram paradas observando as meninas sobre o trio elétrico, que estavam sendo foco das atenções.
            Saímos e fomos mais para perto da praça da Sé, pedi para o meu companheiro dar uma cantada mais duas vezes. Uma para uma mulher entre 20 e 30 anos e outra para duas mulheres na faixa dos 40 a 50 anos.
            Depois de serem cantadas corri atrás delas e fiz a mesma pergunta que fiz para as meninas. A mulher de 20 anos, ignorou a cantada, desviou o caminho, estava de óculos escuros e respondeu da seguinte maneira:
- O que vocês acham de serem cantadas pelos homens que estão passando?
A: Sei lá, eu nem sei o que eu acho. Acho que é um desrespeito, né? Com as mulheres.
- E o que vocês têm vontade de fazer quando eles cantam vocês?
A: Eu tenho vontade de voar em cima deles!!!
- Por que vocês acham que eles fazem isso?
C: Ah, talvez para ver se tem alguma chance de conhecer a pessoa, de ela dar bola pra eles.

            Em seguida fizemos o mesmo procedimento com duas mulheres que estavam juntas de cerca de 45 anos. Elas estavam muito arrumadas e por onde passaram chamavam atenção, recebiam olhares e cantadas. Quando fui entrevistá-las, foram um pouco resistentes a principio, mas responderam:
- O que vocês acham de serem cantadas pelos homens que estão passando?
A: Nossa, eu nem percebi. Vou passar a observar mais.
B: Não percebi mesmo...
- Mas e quando vocês são cantadas, e percebem, o que vocês acham?
A: Eu acho bom para a autoestima, faz a gente se sentir bonita.
- E o que vocês têm vontade de fazer quando eles cantam vocês?
A: Nada, absolutamente nada.
- Por que vocês acham que eles fazem isso?
C: Ah, porque são safados. Homem é tudo sem-vergonha.

            Comparando as entrevistas pude fazer algumas constatações, uma delas é que a faixa etária diz muito respeito sobre como vão reagir e o que as mulheres pensam sobre as intervenções dos homens. Outra constatação é a reação das mulheres, quase sempre ignoram a presença, baixam os olhos e passam a mão pelos cabelos. Ainda não consegui criar a sequência de movimentos, mas pretendo fazê-la em breve. Essa pesquisa me deu bastante repertório e reflexão para isso!
            É isso ai.

Maria Anelise

domingo, 1 de julho de 2012

Simone de Beauvoir DOWNLOAD

Leitura obrigatória para todos os seres humanos

O Segundo Sexo de Simone de Beauvoir

Vol. 1

Vol. 2

*para fazer o donwload só clicar no ícone de disquete que aparece na barra à direita da tela.

Material de Estudo

Imagens Incríveis

Essas imagens escolhi tentando buscar elementos do "feminino", em algumas imagens está claro a força, a resistência da mulher e em outras está de forma sutil a obediência, a tristeza, a conformidade.  Há mais imagens que vocês conseguem captar essas questões? ou as nossas questões?

fotos de vários artistas recolhidas no perfil do facebook de Gio McCluskey


































Material de Estudo

Videos do Youtube


Simone de Beauvoir
http://www.youtube.com/watch?v=-qUPC4Ll6oo&feature=relmfu 

Documentário sobre o Feminismo
http://www.youtube.com/watch?v=F82Ihv7TfU0&list=UUSQnZjnjy-vHsrFrBW0kEPw&index=0&feature=plcp


Mulher: 500 anos atrás dos panos
http://www.youtube.com/watch?v=BVCBTWYUGrY&feature=related



CARNE - Patriarcado e capitalismo. Kiwi Companhia de Teatro
http://www.youtube.com/watch?v=RlgvzRiKJTc



Social Chaos - Seu machismo me envergonha
http://www.youtube.com/watch?v=UQQpUZzSJT4&feature=youtu.be&fb_source=message


Marcha Mundial das Mulheres ocupam BNDES
http://www.youtube.com/watch?v=qqDTgr1pN-s&feature=related